domingo, 30 de maio de 2010

001-Diagnóstico, dos sinais à convicção

No grego antigo, gignèscw (“gnósco”) era um verbo usado para evocar a ideia de “aprender a conhecer, reconhecer, julgar, pensar, decidir, resolver”. Desse verbo, outro derivado era dia-gignèscw (“dia-gnósco”) usado para as condições nas quais essa seqüência de reconhecimento, juízo e decisão (essa formação de convencimento por parte do investigador) se dá predominantemente de maneira indutiva e pela exclusão sucessiva de hipóteses rejeitadas pelas evidências. Todo seu campo semântico vai na mesma direção: gnèmh (“gnóme”) significa “juízo, talento, inteligência, opinião, parecer, desígnio, projeto, resolução”; gnèmen (“gnómen”) significa “aquele que conhece e interpreta os oráculos, árbitro”; gnèsij (“gnósis”) significa “conhecimento, noção, ação de reconhecer, investigação, decreto, decisão”.

Mesmo esta breve exploração semântica do termo “diagnóstico” nos permite ver que se refere a um conhecimento aprendido, um certo talento de reconhecer situações complexas como um oráculo, levado a cabo pela indução e pela rejeição sucessiva de hipóteses desacordes com a evidência, culminando não em qualquer tipo de certeza lógica inapelável, mas num juízo, numa opinião, num parecer, que fundamenta resoluções, decisões.

Esta apaixonante aventura do diagnóstico, diferenciando entre os vários modos pelos quais os fenômenos podem manifestar-se nos pacientes, é exercida por um método: a busca dos sinais (shmeion em grego, “sêmion”) e de seus significados, a semiologia, que será o tema deste blog.

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